A construção histórica do Instituto do Museu Jaguaribano.
Alguns bens no município estão sob a lei de tombamento e preservação do patrimônio histórico nacional, entre eles o Solar do Barão de Aracati, onde funciona atualmente o Instituto do Museu Jaguaribano, uma “sociedade civil sem cor político-partidária, ideológica ou religiosa, com sede na cidade de Aracati, Estado do Ceará, fundado em 15 de novembro de 1968” , que serve de sustentação legal para a institucionalização do Arquivo do Jaguaribe e do Museu Jaguaribano. Ele não é somente um bem histórico que serve de museu, é principalmente um sujeito na luta contra atentados ao patrimônio histórico, pois trata-se da única instituição que “tem por afinidade precípua a preservação do patrimônio histórico e o acervo da zona Jaguaribana” , agindo para preservar não somente sua sede, mas diversos bens históricos e culturais da região. Por três vezes a intenção de criar um museu foi cogitada, no primeiro momento em 1965, durante a reunião do Conselho Comunitário de Aracati, que ofereceu dois cursos de Organização e Desenvolvimento da Comunidade (LEAL, 1979). Os temas circulavam em torno da influência do povoado de São José do Porto dos Barcos no desenvolvimento da zona Jaguaribana, assim como do comércio ilegal e da dilapidação do patrimônio histórico e de seu acervo. O segundo momento deu-se em 1967, durante o VII Seminário de Ação Comunitária, promovido pelo Clube Idealista da Comunidade Aracatiense ). Foi nessa ocasião, em que o assunto versava sobre o enaltecimento da história de Aracati e a necessidade de preservar os bens históricos e culturais da região, que se aplicou a ideia de criar um museu para tal finalidade. Nos dias 09 e 10 de 1967, em amplos salões do Ginásio Marista, por ocasião do VII Seminário de Ação Comunitária, o grupo interessado na concretização da ideia da fundação de um museu, com aquelas patrióticas finalidades, realizou exposição dos mais interessados, numa demonstração eloquente das reais possibilidades de instalação de um museu regional (INSTITUTO DO MUSEU JAGUARIBANO, 1973, p. 7). A terceira ocasião ocorreu em 1968, quando da visita à pastoral de Aracati do bispo diocesano de Limoeiro do Norte, Dom José Freire Falcão, recebido pelo Conselho Comunitário de Aracati. O bispo, mostrando-se favorável à criação de um museu Jaguaribano, doou as peças e os objetos religiosos que hoje compõem a seção de arte sacra da entidade e também pôs à disposição a Igreja de Nossa Senhora do Rosário das Almas de Aracati para sede do museu. Nesse momento, o Serviço Social da Indústria (Sesi), tendo como diretor regional o major José Raimundo Gondim, também ofereceu o Solar do Barão de Aracati. Membros do grupo realizaram várias pesquisas de campo em algumas cidades da região Jaguaribana com o intuito de conscientizar a população para a preservação, mediante doações e contribuições para o museu. Porém, o movimento não surtiu efeito imediato sobre a população, ao contrário do que se esperava pelo registro de doações em inventário. Para o desencadeamento do processo, o Sesi cedeu os pavimentos do Solar do Barão de Aracati, e a diocese de Limoeiro do Norte doou as peças da seção de arte sacra. O interesse dos cidadãos aumentou e surgiram as primeiras doações. Foi então eleita a primeira diretoria do Instituto do Museu Jaguaribano em caráter provisório e foi feito o primeiro estatuto. Seu funcionamento permaneceu constante até 1972, quando o Sesi negou acesso ao museu, alegando o uso do edifício para residência de seus servidores e impedindo a manutenção, o resgate e a recuperação do acervo, da biblioteca e de cômodos do Solar. Durante cinco anos, o museu permaneceu fechado, conforme matéria veiculada no jornal O Povo, de 18 de dezembro de 1975 (MUSEU…, 1975). Uma das obrigações da chapa Nova Fase (INSTITUTO DO MUSEU JAGUARIBANO, 1976), eleita para a gestão no período, era o acesso ao museu: “Planos: pleitear junto a quem de direito, o livre acesso ao Solar do Barão de Aracati, prédio em que se acha instalado, aliás desde sua fundação, o Museu Jaguaribano”. O apoio do secretário de Cultura do estado e historiador Raimundo Girão foi muito importante, pois junto com a Prefeitura de Aracati, aplicou com urgência as reformas necessárias para adequar o museu ao solar. O então prefeito Abelardo Costa Lima, também sócio do Museu Jaguaribano, manteve contato com o diretor da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Dr. José Flávio Costa Lima. Junto com o novo diretor do Instituto do Museu Jaguaribano, Sr. Antero Pereira Filho, conseguiram liberar o Solar do Barão de Aracati para o museu. Pode-se considerar o deplorável estado em que foram encontradas as dependências do Solar do Barão de Aracati, ocupadas pelas peças e móveis do Instituto do Museu Jaguaribano e pertencentes ao arquivo, dada a situação de imundície, sujidade e desasseio de mencionado acervo
Fonte: Alex Silva Farias – Memória e patrimônio na construção histórica do Instituto do Museu Jaguaribano
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