Eduardo Alves Dias

Eduardo Alves Dias


Eduardo Alves Dias, filho legítimo de Matias Alves Dias e Orminda da Cunha Dias, nasceu em 17 de julho de 1882 em Salvador, no bairro “Itapagepera” na rua Imperatriz, Freguesia da Penha, Bahia. Fez as primeiras letras e Curso Secundário no Colégio São Salvador de Erotides Sampaio Neves. Formou-se em Medicina na Universidade Federal da Bahia, colando grau em 24 de Dezembro de 1906, tendo se especializado em Obstetrícia. Teve como colegas de turma Dr. José Frota e Dr. Audálio Costa. Defendeu tese e na cadeira de pontos obteve o 1º lugar. Foi o 1º médico do Nordeste a executar o Processo Delmas (parto à hora certa.) em casos de apresentação transversa. Idealizador de um ferro em forma de gancho, confeccionado em Aracati, cujo objeto era de grande utilidade na procura do pé bom para o caso em foco. Foi contratado pela Companhia Baiana de Navegação a vapor como médico de bordo, pelo Dr. Japiaçu, Gerente da Companhia, na Bahia e viajou durante 2 anos consecutivos.

Desembarcando, resolveu clinicar em Macau, no Rio Grande do Norte e a convite do Coronel Pacheco, Agente do Loid Brasileiro na mesma cidade, visitou Aracati, onde residia e clinicava o seu colega Dr. Audálio Costa. A convite do mesmo e gostando da cidade e do povo hospitaleiro, acertou sua residência definitiva em 18 de novembro do mesmo ano. Em 1921 esteve em Feira de Santana na Bahia. Nunca esqueceu o Ceará, fixando residência em Fortaleza. Em 1923 foi professor de Física no Colégio da Imaculada Conceição. Tendo como alunas do Curso Normal: Alba Frota, Cacilda Beleza, Isabel Lins, Raquel de Queiroz e outras importantes figuras. Foi médico assistente na Santa Casa de Misericórdia. Na capital sua passagem foi curta regressando ao Aracati a convite e insistência do então Vigário Monsenhor Bruno da Silva Figueiredo e outras pessoas em destaque.

Amante das artes e das letras foi sempre cooperador de grande valor artístico. Fundador dos Romeiros do Porvir, do Centro de Cultura da Mocidade (Grêmio Artístico e Literário), sócio do gabinete de Leitura desta cidade. Poeta e Cronista foi colaborador do “O Nordeste”, do “O Estado”, da “A Verdade de Baturité”, e outros jornais da terra aracatiense. No jornal “O Nordeste” colaborou como colunista com o artigo intitulado: “Águas Passadas.”

Seus melhores poemas foram enfeixados nos livros: “Cearenses e João da Morte.” Foram poucas as suas obras escritas: “Os Escravos e sua emancipação no Brasil”, “O Leproso”, etc. Interpretou o Drama Pastoril que ele próprio ensaiava e apresentava em várias cidades do Baixo Jaguaribe e Mossoró. Era uma cooperação às obras assistenciais da cidade.

Suas palestras: O padre e o seio da família; São Vicente de Paulo e Dom Bosco; Ciência e Fé; Os escravos e sua emancipação no Brasil; Dissertação sobre o Operário Brasileiro.

Escreveu números artísticos como: A sentença das fadas (Melodrama); Todos sois de Deus; Quadros da Bíblia; Nos campos de Booz; Diálogos, canções, comédias, poesias e sonetos.

Foi presidente da Conferência do Divino Espírito Santo, primeira instituída no Ceará, pertencente à Sociedade de São Vicente de Paulo.

Presidente da L.E.C. (Liga Eleitoral Católica), convidado que foi pelo Arcebispo de Fortaleza, D. Manuel da Silva Gomes, seu grande amigo e compadre.

Em 1970 foi agraciado com a Medalha de Ouro do VIII Congresso Brasileiro de Patologia. Recebeu duas comendas concedidas pelo Papa Bento X em agosto de 1919 e pelo Papa Pio XII, em novembro de 1956.

No dia 17 de julho de 1975, com a idade de 93 ano recebeu do Centro Médico Cearense a homenagem pela classe médica outorgando-lhe o título de “Decano”. Era o mais velho médico do Ceará. Nesta ocasião foi saudado pelo Dr. Jurandir Picanço, de saudosa memória.

No cinqüentenário de sua profissão recebeu “Medalha de Ouro” do Centro Médico Cearense. Também lhe foi concedido o título de Cidadão Honorário do Aracati pela Câmara Municipal na comemoração ao seu áureo jubileu de formatura em sessão especial. Católico praticante, homem de fé autêntica, foi ele fundador de sociedades beneméritas e de apostolados leigos. Jamais se deixou levar por mesquinhos preconceitos sociais, tratando a todos com igualdade, como se fossem seus verdadeiros irmãos. Os pobres eram seus amigos prediletos, aos quais dispensava o máximo de sua atenção. Viveu sempre modestamente não deixando riquezas acumuladas, pois, para ele nada valiam. Ainda aos 90 anos de idade atendia às gestantes do Cotonifício Leite Barbosa (operários pobres) para exames de natalidade e a outras pessoas que nele mantinham confiança absoluta.

Casou-se em primeiras núpcias com Adalgisa de Oliveira Alves Dias, conterrânea, em 14 de abril de 1909, com quem teve 13 filhos (um falecido em 16 de julho de 1925) e a Irmã Núbia, Filha da Caridade, falecida vítima de um desastre automobilístico em 12 de setembro de 1978. Perdendo a esposa em 28 de agosto de 1931, contraiu segundo matrimônio com Anésia Felismino Alves Dias, aracatiense, em 14 de setembro de 1932, nascendo dessa união oito filhos. São dezenove filhos vivos. Viveu na cidade de Aracati 63 anos, fixando no dia 12 de outubro de 1976, dia da criança. Ele que fez vir ao mundo uma legião de criancinhas, faleceu na data em que são homenageadas em toda a pátria brasileira. Coisas do destino!
Obras editadas: Cearenses e João da Morte (Poesia)

fonte: http://www.luacheia.art.br/new/index.php/component/k2/itemlist/user/66-eduardoalvesdias

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