João Francisco Pinheiro
João Francisco Pinheiro (Cônego) — Filho de João Francisco Pinheiro e de Dª Mariana Francisca Pinheiro, nasceu em Aracati a 27 de março de 1830.
Preparado em primeiras letras, e feito o seu curso de latim com o Pe. Antônio Francisco Sampaio, partiu para Pernambuco em 1845, a fim de ordenar-se no Seminário de Olinda, o que efetivamente conseguiu, recebendo a 17 de abril de 1853 ordem de Presbítero, que lhe foi conferida pelo Bispo D. João da Purificação Marques Perdigão. Teve as ordens menores a 13 de junho de 1851, de subdiácono a 14 do mesmo mês e ano e de diácono a 25 de abril de 1852.
Regressando a Aracati, onde chegou a 23 de junho de 1853, foi a 11 de maio de 1857 nomeado pelo vice-presidente da província, Coronel Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, para reger interinamente a cadeira primária do sexo masculino do Aracati, e a 5 de outubro de 1860 pelo presidente da província, Dr. Antônio Marcellino Nunes Gonçalves, para reger também interinamente a cadeira de latim da mesma cidade, por tempo de um ano, durante a licença concedida ao proprietário pela Assembleia Provincial.
Aposentado o professor, foi ele nomeado a 23 de novembro de 1864 pelo presidente Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira para o exercício efetivo da cadeira sendo aposentado a 22 de Junho de 1893 pelo presidente José Freire Bezerril Fontenele.
Capelão na Passagem de Pedras, durante muitos anos, prestou ali os melhores serviços à religião e à localidade, trabalhando e muito concorrendo para a reedificação, que conseguiu, da atual capela da povoação; e não se limitou a isso o seu empenho, pois, também eficazmente se interessou pela construção de um açude no Araré entre o Palhano, obtendo como deputado provincial a promulgação da Lei n.° 1130 de 21 de novembro de 1864 que, aliás, à falta de meios, não teve execução.
Eleito deputado provincial suplente para o biênio de 1858 e 1859, e mais tarde deputado efectivo em três biênios sucessivos de 1864 a 1869, deu cabal desempenho ao respectivo mandato.
Como presidente da Câmara Municipal de Aracati, de 7 de janeiro de 1855 a 7 de janeiro de 1869, muitos benefícios fez ao município e pelo que, conforme o declara a Carta Imperial de 19 de dezembro de 1866, foi nomeado Cavaleiro do Imperial Ordem da Rosa. Foram relevantes os serviços que prestou nos dias 16 a 23 de abril do dito ano, por ocasião da enchente do Rio Jaguaribe.
A construção do atual mercado público, iniciada em 1865, foi realizada e concluída pela Câmara Municipal por ele presidida.
Para obra tão despendiosa, as Leis Provinciais, nº 1148 de 7 de dezembro de 1864, e n.° 1178 de 12 de setembro de 1865, autorizaram o município a contrair o empréstimo de vinte quatro contos de réis, que logo foi realizado.
Foi Cônego da Catedral do Ceará por Carta Imperial de 13 de janeiro de 1883, dignidade confirmada a 4 de abril por Provisão do Vigário Capitular da Diocese, Monsenhor Hipolito Gomes Brasil.
Muito dedicado à conservação e aceio da capela do Bom Jesus do Bomfim, onde diariamente celebrava, além de outros melhoramentos, fez abrir em 1883 as duas arcadas da capela-mor, que ficou assim mais elegante e confortável.
Faleceu em Aracati a 30 de abril de 1899, sendo sepultado em catatumba do lado oriental do cemitério; mas posteriormente foram retirados dali os seus ossos para ficar depositados no mausoléu da família, no pequeno cemitério anexo à capella do Bomfim.
Era sócio correspondente do Instituto Católico do Brasil, com sede no Rio de Janeiro, desde 26 de julho de 1864, e irmão da Santa Casa de Caridade do Ceará desde 28 de outubro de 1861.
Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 478-480.
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