Moças Casadoiras
Sem nenhum desmerecimento às moças de hoje do nosso Aracati, que merecem todo nosso respeito, e cuja visão diante da sociedade moderna difere totalmente daquele pensamento de antanho…. Mas….
…..Houve uma época que o Aracati era um celeiro de moças casadoiras. Moças prendadas para o Lar. Bons partidos. Por isso, muitos rapazes casadoiros, de famílias tradicionais de Fortaleza, e bem posicionados na vida, buscavam as moças do Aracati para casar.
Assim aconteceu com o Desembargador Leite Albuquerque. Ao tempo que foi juiz aqui em Aracati, encontrou numa moça da sociedade aracatiense, as qualidades ideais que buscava para ser sua futura esposa. O mesmo sucedeu com outro Desembargador Pedro Paulo Pontes Vieira, que seguindo os passos ou os conselhos do seu colega Desembargador Leite Albuquerque, também se casou com uma moça do Aracati. Aliás, duas irmãs, filhas do Coronel Pompeu Ferreira Costa Lima.
Seria realmente real e verdadeira, essa imagem da moça aracatiense dotada para o casamento, para a vida do Lar? Sabemos que num passado ainda pouco recente, as moças de famílias mais abastadas do Aracati, estudavam em Colégios de freiras na cidade do Recife ou no Rio de Janeiro no Sion onde recebiam educação esmerada.
Mesmo aqui no Aracati, as moças mais elitizadas, residentes na Rua Grande, tinham aulas de piano com professor particular e muitas delas estudavam francês – A língua de gente elegante e culta –; com Dª Francisca Clotilde que se expressava muito bem em francês.
Citamos dois casamentos de moças aracatienses com ilustres personagens de nossa historia jurídica que hoje são nomes de rua na nossa Capital Fortaleza. Poderíamos notabilizar muitos outros casamentos significativos de moças de nossa terra, que devido a fama de moças predicadas, foram aqui escolhidas e buscadas por cavalheiros de conhecida e fina estirpe.
Desejo frisar, isto é , deixar bem claro, que esses casamentos não tinham nem visavam nenhum interesse financeiro nem econômico. Pois, todos eram pessoas distintas de vidas estruturadas e realizadas financeiramente. Portanto, não havia por parte desses cidadãos que buscavam suas noivas e futuras esposas entre as moças aracatienses, nenhum interesse pecuniário. O que realmente atraía esses rapazes bem nascidos era a fama das moças do Aracati de bem educadas, bem formadas, cultas e com formação pronta de futuras esposas. Eram como se tivessem sido educadas para o matrimonio, para se dedicar ao marido e educar exemplarmente os filhos na tradição da fé e dos bons costumes.
A exemplo disso, podemos lembrar muito bem a frase dita por um privilegiado marido de uma moça aracatiense, casado com uma filha do Sr. Jose Correia Lima, o empresário Alberto Craveiro, –nome também de rua em Fortaleza -, ao se referi aos dotes das herdeiras aracatienses:
“O dote das moças do Aracati é um baú cheio de labirinto.” Isso, apesar de cômico, vem demonstrar o que realmente interessava: Era a pessoa não os seus pertences. A riqueza maior estava na pessoa e na sua bagagem pessoal, na sua educação, fineza e ética.
Eram assim as moças casadoiras do Aracati
Autor: Antero Pereira
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