Processo de Conquista e a Presença de Escravizados no Aracati

No século XVIII, o Aracati, no Ceará, emergiu como um ponto crucial para a economia dos sertões, centralizando a produção de charque. Este capítulo explora o processo de conquista e fixação dessa região, destacando a presença e a experiência dos trabalhadores escravizados.

A colonização do Aracati envolveu conflitos intensos com as populações indígenas, especialmente os Tapuias. A criação de gado foi um elemento chave para o desenvolvimento econômico, com as charqueadas (oficinas de carne seca) desempenhando um papel essencial na consolidação do poder imperial. A produção de charque não apenas abastecia a região, mas também era exportada, gerando riqueza e incentivando a fixação de populações na área.

Através de inventários post-mortem e registros paroquiais, traçamos o perfil dos trabalhadores escravizados no Aracati. Esses documentos revelam informações valiosas sobre suas condições de vida e trabalho, bem como as relações sociais. Além disso, a análise de registros de crimes e memórias nos fornece insights sobre as estratégias de resistência e as relações de poder entre senhores e escravizados.

Nas charqueadas, os escravizados desempenhavam funções críticas para a produção de charque. As condições de trabalho eram severas, mas também eram espaços onde se desenvolviam dinâmicas sociais complexas. A resistência escrava é um tema central, explorado através de exemplos de microacumulações de violência e negociações cotidianas que desafiavam o controle dos senhores.

A economia de Aracati no século XVIII estava profundamente ligada à presença de trabalhadores escravizados, com as charqueadas sendo fundamentais para o desenvolvimento econômico da região. A resistência e a negociação eram partes cruciais da vida cotidiana dos escravizados, demonstrando sua agência e capacidade de moldar suas próprias condições de vida, mesmo dentro dos limites impostos pela escravidão.

Fonte: Deise Carol Araujo