Salina do Canoé
“O contrato celebrado em 24 de abril de 1902 com o engenheiro Rodolfo Lahmeyer para a exploração das salinas do Canoé, do município do Aracatí, vai sendo executado de modo promissor para o futuro dessa indústria e para os interesses do Estado.
As salinas de Canoé estão situadas à margem do rio Pirangy, servida pelas águas da barra do mesmo rio, na distância de 21 quilômetros do porto do Fortinho.
Nesse percurso, porém, e em terreno apropriado, existe uma estrada de ferro construída pelo mesmo engenheiro em virtude de uma das clausulas do respectivo contrato. A via-ferrea, com a bitola de 1 metro, percorre 23 quilômetros — inclusive 2 entre os baldes ou cristalizadores das salinas .
Toda essa linha férrea está funcionando desde o mês de setembro do ano passa do , e acha-se aparelhada dos necessários desvios, caixas d´agua e oficinas próprias para trabalhos de fundação.Seu material rondante compõe-se de 4 locomotivas de grande força, 12 carros de 16 toneladas e 6 wagonetes de 1 ½ toneladas.
A empresa encomendou para os Estados Unidos da América do Norte mais 2 locomotivas grades, 10 carros de capacidade de 16 toneladas cada um.
As salinas de Canoé constam atualmente de 31 baldes ou cristalizadores de 100×80 metros cada um, ou sejam 6 alqueires por tonelada.
Há um depósito fora dos baldes, de 300 mil alqueires no mínimo, e nos cristalizadores, outro deposito calculado em 560 mil alqueires, com probabilidade maior produção.
A qualidade do produto é bem reputada; o sal pode ser equiparado, — si não exceder— aos melhores de procedência nacional.
A exploração dessas salinas tem constituído uma fonte de recurso para as classes necessitadas: ali se acham empregadas 200 pessoas, havendo proporções para admissão de pessoal duplo, quando a empresa se desembaraçar de dificuldades provenientes da falta de meios de transporte por via marítima.
A linha férrea transporta diariamente 3.800 alqueires do interior das salinas para o porto . O serviço de embarque é feito em qualquer navio, por meio de calhas especialmente preparadas pelo engenheiro Lahmeyer, de modo que facilmente se efetua o carregamento de 600 toneladas de sal, em 12 horas.
Corno sabeis, pelo contrato celebrado com o governo, o engenheiro Lahmeyer está obrigado a uma exportação anual, no mínimo, de 150 mil alqueires de sal, de 160 litros cada um.
Havendo o referido industrial firmado contrato com a conceituada firma comercial do Rio de Janeiro—Rodrigues Farias & C .ª , para a venda anual de 400 mil alqueires de sal, temos já ai excedida em mais do duplo a quantidade do sal que se obrigou a exportar, ex vi de seu contrato com o governo do Estado .
Em virtude de seu convênio com aquela firma, esta se obrigou a mandar receber o sal dentro do porto ou fora da barra, em navios seus ou fretados para tal fim.
Devido, porém, à afluência extraordinariamente d.e cargas de cabotagem para o sul e norte da República, ha subido extraordinariamente o preço dos fretes; e, atuando por outro lado a falta de embarcações apropriadas ao transporte do sal, têm surgido embaraços para a exportação desse produto na medida e extensão do respectivo contrato .
No intuito, porém, de resolver as dificuldades e normalizar o serviço, a citada firma comercial já adquiriu, por compra, 3 vapores, — que denominou — Aracaty, Canoé e Maroim.
Assim apercebida, confia a empresa superar os embaraços e entrar francamente em uma fase de crescente prosperidade.
São manifestas as vantagens que o Estado terá de colher, a par do desenvolvimento de uma indústria que se achava paralisada, figurando no orçamento de 1901 com a exigua renda de 2:276$148 rs.” (*)
(*) Trechos da Mensagem enviada à Assembléia Legislativa do Ceará, em 1.° de julho de 1904, pelo Presidente dc Estado, Dr. Pedro Augusto Borges”.
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