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A Carne-do-Ceará

A Carne-do-Ceará

O funcionamento das Oficinas ou Charqueadas do Ceará datam da época anterior a 1740 e surgiram, primeiramente, no pequeno arraial de São José do Porto dos Barcos, depois elevada à categoria de vila com o nome de Santa Cruz do Aracati, hoje cidade do Aracati.

Possuidora de zonas sertaneja e praiana, Aracati manteve-se por muito tempo como a localidade de maior influência no processo de formação econômica, social e política do povo cearense.

O comércio da carne e do couro, que atraía para Aracati abastados senhores de locais diversos, fez crescer a especulação daquele ramo de negócio, aumentando as transações com as demais praças do país. Passou, então, Aracati a prover o resto da Capitania de fazenda e objetos de luxo. Chegavam, a partir do porto de Aracati, grande número de artigos importados, iniciando-se, assim um imenso processo de circulação de bens.

Tudo girava, portanto, em função daquelas fábricas e da comercialização dos seus produtos. A própria estrutura urbana da vila obedeceu ao interesse comercial das carnes-secas. O traçado das ruas tinha como finalidade a comunicação entre o Porto dos Barcos e o tráfico das Oficinas. As rendas cresciam e o Aracati passou a exteriorizar sua opulência também na arquitetura e no trato social.

A produção e comercialização da Carne-do-Ceará introduziram um elemento novo na organização produtiva da Colônia e punham em destaque os núcleos produtores do charque, principalmente as vilas de Aracati e Sobral, a ponto de estas concorrerem com Fortaleza, o centro administrativo da Capitania, desde 1726.

Com o mercado assegurado e sem concorrente, o comércio do Ceará, durante o século XVIII, girou quase exclusivamente em torno dessa indústria, que teve sua extinção definitiva no último decênio daquele século.

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